sábado, 6 de junho de 2009

A Estação

O metrô para na estação e uma voz oculta anuncia o nome dela, enquanto isso o cigarro vai queimando lentamente mesmo sem ter uma boca na ponta amarelada sugando a nicotina. Uma cerveja gelada e dourada desce a garganta inflamada anestesiando o cérebro depressivo. A grávida chora, pois é isso que seus hormônios mandam, sobre o corpo do amante. A faca suja ainda está enterrada na barriga do desonesto e machista. Um falso deus assiste a tudo de sua televisão com chuviscos e fantasmas. Ele foi colocado ali por pessoas que nem tiveram conhecimento de sua existência. O falso Deus chora como um bebê ao ver nossas almas em sua TV Digital. O cigarro ainda queima, quase no fim do tabaco. As armas apontam para a mulher grávida enquanto suas mãos são algemadas e seu bebê se prepara para nascer nas próximas 32 horas. E assim sendo, o metrô segue para a próxima estação.

Heitor Godau – 14.03.2009