sábado, 6 de junho de 2009

A Estação

O metrô para na estação e uma voz oculta anuncia o nome dela, enquanto isso o cigarro vai queimando lentamente mesmo sem ter uma boca na ponta amarelada sugando a nicotina. Uma cerveja gelada e dourada desce a garganta inflamada anestesiando o cérebro depressivo. A grávida chora, pois é isso que seus hormônios mandam, sobre o corpo do amante. A faca suja ainda está enterrada na barriga do desonesto e machista. Um falso deus assiste a tudo de sua televisão com chuviscos e fantasmas. Ele foi colocado ali por pessoas que nem tiveram conhecimento de sua existência. O falso Deus chora como um bebê ao ver nossas almas em sua TV Digital. O cigarro ainda queima, quase no fim do tabaco. As armas apontam para a mulher grávida enquanto suas mãos são algemadas e seu bebê se prepara para nascer nas próximas 32 horas. E assim sendo, o metrô segue para a próxima estação.

Heitor Godau – 14.03.2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sou Muito...

Sou muito Mais.
Tenho um sonho sem corpo e sem futuro. Tenho uma linha verde correndo no centro de meu peito sem oscilações.

Sou muito Menos.
Tenho lamentos que abalam núvens e frases. Tenho lágrimas que enxugam pisos de banheiros.

Sou muito Mais.
Tenho calendários que se injetam em meus espelhos. Tenho óculos que me desfocam da verdade.

Sou muito Menos.
Tenho suspiros que sopram relógios até faze-los sangrar segundos. Tenho rugas que escondem desertos religiósos.

Sou muito Mais.
Tenho visões paranormais que me cegam e não me deixam ver o universo. Tenho tinta e papel e quando os junto sou mais solitário que ambos separados.

Heitor Godau - 13/05/2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um Átomo de Mim.

Não sei como entrei, apenas estava lá e todos choravam muito ou riam muito. Não importava a reação, mas era exagerada. Olhei para cada rosto no local afim de ver se conhecia todos. Não conhecia. Eu não chorava e odiava os que estavam chorando. Ninguém deveria sofrer mais que eu naquele momento. Tentei algumas palavras prontas de conforto, mas eram falsas e vazias. Se eu não conseguia ficar bem como querer que os outros ficassem? Finalmente cheguei ao caixão, deve ter levado infinitos cinco minutos. Ao ver o caixão recheado daquilo que deveria estar se mexendo, suando e falando como meu avô, corri e chorei, não exatamente nessa ordem. Apenas precisei de alguns segundos em oito anos de vida para compreender tudo o que precisavasobre como somos quando vivos e o que somos quando mortos. E esses segundos me ensinaram pelo que chorar, pelo que ficar calado, pelo que rir e pelo que fazer os outros chorarem, rirem ou ficarem calados

Heitor Godau - 27/04/2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Entre-Segundos

Dizem que pouco antes de morrer você ve sua vida passar como um filme. Na verdade, um segundo antes de morrer o tempo congela e você tem o infinito para pensar em tudo que quer pensar. Quando você se dá por satisfeito, a morte lhe mostra o fim do universo, o por quê das coisas, o sentido da vida (irônico, não?!) e todas as outras coisas que seriam inconcebíveis para uma mente viva, mas uma mente que paira no infinito, tudo isso é compreensível e muito bem aceito. Depois de tudo isso acontecer, a morte lhe tira do espaço e do tempo infinito que existe entre um segundo e outro, você volta pro seu espaço temporal, o ponteiro do relógio faz só mais um “tic” (pelo menos pra você) e você morre. Toda sua existência acaba aí.
Pois bem, eu estou nesse infinito atemporal que existe entre os segundos. Estou escrevendo tudo que aprendi aqui. Já estou aqui há muito tempo, pelo menos parece assim. Como é um espaço atemporal, os dias são iguais aos anos ou aos séculos ou aos milênios e assim por diante. Já aprendi muita coisa, pensei em muita coisa, e vivi muito mais entre segundos do que nos meus 52 anos de vida.
Cada um tem sua morte e para cada um ela é de um jeito, com um rosto, um vestido, uma aparência, mas ela tem o mesmo ar sátirico para todos. Pois ela conhece a vida a muito mais tempo e sabe o quão sátirica a vida é. Ela sabe que há muito escárnio na essência da vida, então a morte copia este escárnio para nos tratar na morte do mesmo modo que vivemos a vida: com muita sátira e muito escárnio.
Não sei porque escrevo. Foi a própria morte que me deu este caderno, então provavelmente ela irá queima-lo quando eu deixar este “entre-segundos”, como ela já disse que fez antes com outros morimbundos. Bom, acho que já chega de pensamentos e escritas, vamso logo conhecer o que tem para ser conhecido e acabar de vez com minha longa e simples existência.
Oh! Então assim é o fim do universo?! Inimaginável!
Hum! Então este é o porque das coisas?! Muito mais simples do que eu pensava!
Uau! Então esse é o sentido da vida?! Interessantíssimo!
Caramba! Então são tantas coisas que eu nunca poderia compreender?! Incontáveis!
Adeus!

Heitor Godau – 23/09/2007

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conto 15 - O Conto do Velho e o Portão

E o velho caminhou de novo pela mesma estrada vazia, chegou ao portão enferrujado e perguntou ao vigia se ele abriria hoje e o vigia respondeu, como sempre havi a respondido nos últimos vinte e três anos: "hoje não, só amanhã". Ao escutar novamente a mesma resposta só restou ao velho virar as costas e voltar pelo caminho que veio.
No dia seguinte o vigia avistou o velho vindo pelo mesma estrada, no mesmo passo vagaroso e o mesmo olhar cansado de sempre. O velho chegou ao portão e perguntou se ele abriria hoje, o vigia respondeu: “Hoje não, só amanhã”. O velho baixou o olhar, tentou dar uma espiada do outro lado do portão, tentou sugar no ar alguma esperança, virou as costas e foi embora novamente.
No dia seguinte o velho vinha pelo mesma estrada de terra, avistou o portão e como sempre o pé ia se fazendo de chumbo quando ele se aproximava do ferro enferrujado e do vigia. Quando chegou em frente ao vigia perguntou se o portão abriria hoje e o vigia respondeu: “Hoje não, só amanhã”. E o velho se foi mais uma vez.
Mais uma vez o velho estava chegando perto do portão enferrujado e do vigia, quando ele se sproximou o vigia deu um leve e quase imperceptível sorriso antes mesmo do velho perguntar e quando o velho perguntou se o portão iria abrir hoje o vigia respondeu: “Hoje sim, meu amigo. Hoje ele se abrirá”. O vigia pegou a única chave que estava em seu pescoço e a torceu dentro da grande fechadura de metal, esta gritou, gemeu e cedeu. O portão estava finalmente aberto. O velho olhou para o vigia, para o portão aberto, recuou e foi embora com o suor vazando medo e os olhos vazando decepção!
Heitor Godau – 06/04/2009

terça-feira, 31 de março de 2009

Citações

"Até de Deus se serviram para nos ludibriarem! Disfarçam-no com embustes e calúnias para nos assassinarem a alma!"
"A Mãe" - Máximo Gorki

"...Seu peito está explodindo de vida não vivida. O tique-taque de seu coração marca o tempo que se esvai."
"Quando Nietzsche Chorou" - Irvin D. Yalow

segunda-feira, 23 de março de 2009

Cemitério

As dores da sanidade mental
Evocam a paz infernal
Que descança neste defunto fresco!

O jazigo de mármore friu
Muito bem enterrado em solo macio
Esconde o trascedental e o grotesco!

Os gases que emanam da decomposição
Nos lembram da nossa composição
E nos volta à boca a ânsia e o asco!

A voz finalmente se cala
Sem saber exatamente pra que serve a fala
E o silêncio flutua sem um único rasgo!

Heitor Godau - 20/03/2009

terça-feira, 17 de março de 2009

Outra Nossa Realidade

O marinheiro que nunca viu o mar e generais enfiados em seus pijamas listrados. Travesseiros de penas de pedras em um ambiente mítico e sinistro onde a lava invade cada narina e cada fresta das rugas das velhas senhoras em novos prostibulos. Sexo incadecente e inocente com crianças e animais. Bichos repugnantes saindo pela boca de homens no senado. Cabeças cheias de nada que habitam nosso país. Todo sangue patriótico jorrando em guerras falsas causadas por motivos esquecidos por todos que dizem o nome, os comandantes inimigos assistem a tudo abraçados. Padres viciados em coisas e pessoas cujos nomes não podem ser ditos. Palavras esquisitas que ninguém nunca fala pelas bocas fincadas nas mãos. Um arroto sincero para juras de amor eterno. Qualuqer coisa de religião presencia a morte trágica de Ernesto Barret. A triste chuva que canta a melodia ao bater nas cordas de pular das crinças baleadas. Drogas no subúrbio escondidas nos anéis das novas madames. Dinheiro velho enriquecendo o bolso de amantes solitários. A lágrima negra que se mistura ao creme facial do palhaço ao se olhar no espelho. O riso perdido da platéia entorpecida pelos gases tóxicos da atmosfera fúnebre no enterro de Ernesto Barret. Os pelos azuis das feras que descansam em bosques europeus. Árvores mortas que abrigam borboletas decapitadas. Vermes frígidos que devoram a alama da terra por dentro e por fora. Senhores do Torpor que finalizam sonhos como ninguém mais pode fazer. Todo o universo de pensamentos iguais fazem do mundo um lugar como não existe na outra nossa realidade.

Heitor Godau – 10/12/2008

terça-feira, 10 de março de 2009

Conto 14 - O Último Servo de Deus

Eu fui o último servo de Deus. Não por que eu não queria mais servi-lo, apenas por não existir mais um deus a ser servido. Eu devo ter sido o milhonésimo “e não sei mais quantosésimo” sérvo de Deus. Trabalho fácil, apenas ajudava, recebia ordens, mandava construir um templo aqui, um altar de sacrificios ali. Como eu disse, trabalho fácil! Tinha meu lugar reservado aos pés de Deus, sempre protegido. Quando eu ficasse velho teria lugar e comida e cederia meu posto a outro mais jovem. Quando eu moresse Ele asseguraria minha paz eterna e todos os outros beneficios dados a quem trabalha para a God S/A. O que ninguém esperava, muito menos eu (afinal, com um trabalho fácil desses na mão, eu fazia de tudo para garantir a segurança do patrão) que até mesmo Deus era mortal, isso nos foi provado da forma mais incontestável. Ele tinha uma voz poderosa, mãos grandes e pés firmes, musculos capazes de sustentar o universo nos ombros (junto com todos nossos problemas e angustias), tinha olhos decididos e cabelos e baraba brancos. Só depois que ele morreu que eu parei pra pensar porque ele teria cabelos e baraba brancos. Afinal, se fosse só pra dar impressão de que ele era velho não precisava de tudo isso, a gente ja estava acostumado a pensar nele como um cara beeem velho, mesmo se ele tivesse cabelos e barba pretos. Acho que ele não tinha a aparência que tinha porque era Deus. Acho que ele tinha a aparência que tinha pra ser Deus. A única coisa que ele poderia ser com aquele jeitão era Deus.
Ainda tenho em minha memória como aconteceu, apesar de já terem se passados décadas...eu acho. É díficil dizer, depois que Ele morreu o tempo se tornou, por falta de expressão melhor, “atemporal”, e o espaço agora é mórfico e irregular. Mas eu estava contando de como aconteceu, apesar do suspense que estou fazendo não foi nada muito dramático (apenas dramático o suficiente para a morte de Deus). Adentrei em seus aposentos para levar alguns papeis que Ele tinha que assinar falando sobre uma nova lua no sistema de Antares e um novo começo de vida num planeta a alguns milhares de anos-luz daqui. Quando entrei levando os papeis o vi debruçado na escrivaninha, achei que tivesse adormecido, tinha acontecido algumas vezes nos últimos anos, mais vezes do que quando comecei o trabalho. Peguei uma manta para cobri-lo, não que Ele precisasse se aquecer (pensando agora, ele deveria precisar, uma vez sendo mortal Ele devia sentir friu também, enfim), coloquei por cima dele e notei que estava parado demais, quando Deus dormia de vez em quando ele roncava ou se mexia bastante. Dessa vez ele estava parado, com a cabeça debruçada na escrivaninha e o rosto manchado de tinta de caneta, os olhos abertos, mas muito calmos. A pele bem branca, o cabelo e a barba desarrumados e embaraçados, a boca fechada como se guardasse seu último segredo só pra si, não podendo revela-lo nem mesmo na hora de sua morte. Assim que vi seu rosto entendi o que não se passava mais pelo seu corpo, mas não fiquei triste, nem feliz, nem angustiado, nem preocupado. Era como se eu tivesse descoberto que um copo quebrou enquanto eu não olhava, fiquei apenas curioso pra saber como poderia ter acontecido e como se deu esse fato tão estranho. Por final das cotas, aqui estou, desempregado, esperando algum novo cara singular assumir a função de Deus (não tenho nem idéia se isso vai acontecer de verdade) e relatando como foi meu último dia de trabalho como o último servo de um deus morto!

Heitor Godau – 02/03/2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sílabas de um Nome

Num raro distúrbio de clareza mental, descrevo uma biópsia n’alma e tal descrição faz a endorfina correr meu cérebro cumprindo quase que totalmente seu trabalho químico. Um estado depressiológico atinge meu figado que será avaliado, julgado e condenado pelo legista como necrose cirrótica. Meu cérebro em uma bandeja de inox, pronto pra ser servido aos melhores estudiosos canibais desta dimensão. Meus ossos estão prontos pra serem misturados com cal e pó de argamassa para rejuntar algum azulejo novo em uma velha vida. Meu coração, esse orgão tão destratado e rejeitado, esse não serve mais do que lavagem pra mendigos solitários. O sangue salvará vidas e os olhos verão a verdade, mas se perderão nas mentiras da boca, analisadas pelas orelhas. A genitália será jogada fora muito antes da decomposição, por fazer parte de tabus. Os vermes estomacais serão lavados e os rins roubados para assassinar um filho em uma operação mal-sucedida. Por fim, vivi a vida toda com um só nome para agora ter vários e não ser nenhum deles.

Heitor Godau – 27/02/2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Conto 6

A TV mudou de canal mais uma vez depois de meu amigo ordená-la à isso pelo controle remoto. Ele já tinha passado por todos os telejornais e alguns desenhos. Ele já estava ciente da crise brasileira, da apartheid, da situação na América central e de todo resto sobre o qual esta história não é sobre. No final, ele desligou a TV e foi tomar um copo de refrigerante preto e rótulo vermelho cuja marca não posso citar por questões legais e de saúde. Enfim, ele tomou o tal refrigerante e sentiu uma súbita vontade de pensar na vida, no universo e no que tinha feito de seus 47 anos de vida. Conseguiu reprimir essa vontade muito bem. Foi exatamente nessa hora que eu liguei para ele para contar do falecimento do irmão da empregada de minha mãe, mas ele não atendeu ao telefone e mesmo que tivesse atendido não faria diferença, pois ele não conhecia o irmão da empregada da minha mãe, nem a empregada da minha mãe e nem minha mãe. Pra falar a verdade, nem eu conheço o irmão da empregada, mas estava tão entediado que liguei para meu amigo para contar a desventura inútil. Desculpem mudar o ruma dessa história, meu egoísmo me levou, mais uma vez, a falar da minha vida, Esqueçam isso. Voltemos ao meu amigo fictício que vive mais intensamente que eu. Ele não atendeu ao telefone, pois estava reparando em algo que não reparava a mais de uma semana: na porta da geladeira. E havia algo muito específico na porta da geladeira. Um pequeno bilhete escrito: “Te deixei pelo seu irmão!”. Foi nesse momento que ele se deu conta que havia mais de uma semana que ele não via sua esposa nem seu irmão. Deu de ombros e foi dormir. Na manhã seguinte, ele teria que acordar cedo para trabalhar.

Heitor Godau – 21/02/2008

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

À Sombra do Azar!

O azar me persegue por cada esquina, cada beco escuro, não sei como escapar. Amuletos e mandingas nunca funcionam, já está impregnado em mim. Não sei mais o que fazer. Não posso me matar nem mudar de vida, o azar me persegue além do tempo e do espaço. Só posso recorrer à tinta e ao papel para obter alguns minutos de paz longe do azar agudo que me atravessa a sorte. Não falo com ninguém, meu azar é como uma peste, uma doença contagiosa. Vivo sozinho, faço o jogo do azar. Não posso viver com mais ninguém, não sei viver com mais ninguém, não quero viver com mais ninguém. Estou melhor sozinho, ninguém além de mim tem a estrutura mental para aguentar o que eu falo, faço e penso. Meu tempo acabou, tenho que voltar para o lado do azar, ele já me espera impaciente.

Heitor Godau - 08/09/2007

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre os estudos atuais.

As constantes atualizações no modo de vida material, me remetem a crer que já não posso mais levar em conta meus sonhos em voar com a utilização de asas de penas de pato. Contudo a exagerada assecibilidade à coroa e suas jóias faz de meus estudos, erroneos acontecimentos com cifras decimais e dígitos ínfimos a muitos monarcas. Afirmo, também, ser mister a invocação de novas formas de materialização espiritual e, obviamente, mental. Com base nas últimas descobertas feitas por um punhado de velhos e auxiliadas pelo jovem dotado de uma razão incomparável, reservo-me ao direito de continuar publicando o que bem entendo.
*Trecho retirado do texto dos Sábios Alquimistas do ano de 1253.*

Heitor Godau - 26/01/2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Faísca!

Rabiscos e letras tão corridas em um papel que nem liga para minha existência. Que anormalidade repugnante nos mantém vivos até a hora de nossa morte. Em um dia lindo, com sol e pássaros, morre uma menina feliz. Deixando mais uma vez a escuridão tomar conta do mundo. Mesmo as palavras tendo sentidos infinitos, meus sentimentos no atual momento vão muito além desse infinito que agora me parece tão pequeno. Sem mais palavras executo como um bom carrasco este texto.

20/01/2007 – Heitor Godau

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Conto 3

Acordo escutando uma reza rezada por poucos. Olho em volta e vejo duas velhas e uma “meia-idade” entoando a reza rezada, vejo um “quarentão” com barriga de barril inchado que faz piadas e ri junto com um jovem e outro “quarentão”, só que magrelo. Vejo cafezinho numa mesa, coroa de flores e um caixão que deveria estar recheado comigo. Vejo agora todo mundo gritando e correndo um pra cada lado e nenhum pro meu lado. Que falta de sorte ressuscitar justamente no meu enterro.

Heitor Godau – 1/07/2007

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

!

Um afago ou cafuné, o que fizer eu me amarro e faço o que quiser. Um riso e chocolate com leite, um sorriso e um abraço quente, nas noites de frio. A coberta, o travesseiro, uma risada e o olhar certeiro, o porteiro que nos vigia. O som da sua voz, sua mão, a emoção de estar a sós. O seu jeito e o trejeito que fez eu te amar. Sonhar com seu rosto, o brilho no olho, o molho para o penne, a bagunça, a louça que a gente teme. Sair tarde na segunda, conversar sem ver a hora, ficar olhando pra você como eu faço agora. Beber vinho ou whisky, encontrar no seu carinho a felicidade quando estou triste. As piadas, as risadas, a incerteza no futuro, mas saber que posso derrubar o muro, com vcê do meu lado. Ser amado, te conquistar a cada dia e te amar cada vez mais a cada hora que passa. Não há melancolia enquanto tenho você e da alegria faço este texto como nenhum outro há de ser!

Heitor Godau - 01/01/2009
*À única pessoa neste apreço que me faz querer viver mais do que mereço*