terça-feira, 17 de março de 2009

Outra Nossa Realidade

O marinheiro que nunca viu o mar e generais enfiados em seus pijamas listrados. Travesseiros de penas de pedras em um ambiente mítico e sinistro onde a lava invade cada narina e cada fresta das rugas das velhas senhoras em novos prostibulos. Sexo incadecente e inocente com crianças e animais. Bichos repugnantes saindo pela boca de homens no senado. Cabeças cheias de nada que habitam nosso país. Todo sangue patriótico jorrando em guerras falsas causadas por motivos esquecidos por todos que dizem o nome, os comandantes inimigos assistem a tudo abraçados. Padres viciados em coisas e pessoas cujos nomes não podem ser ditos. Palavras esquisitas que ninguém nunca fala pelas bocas fincadas nas mãos. Um arroto sincero para juras de amor eterno. Qualuqer coisa de religião presencia a morte trágica de Ernesto Barret. A triste chuva que canta a melodia ao bater nas cordas de pular das crinças baleadas. Drogas no subúrbio escondidas nos anéis das novas madames. Dinheiro velho enriquecendo o bolso de amantes solitários. A lágrima negra que se mistura ao creme facial do palhaço ao se olhar no espelho. O riso perdido da platéia entorpecida pelos gases tóxicos da atmosfera fúnebre no enterro de Ernesto Barret. Os pelos azuis das feras que descansam em bosques europeus. Árvores mortas que abrigam borboletas decapitadas. Vermes frígidos que devoram a alama da terra por dentro e por fora. Senhores do Torpor que finalizam sonhos como ninguém mais pode fazer. Todo o universo de pensamentos iguais fazem do mundo um lugar como não existe na outra nossa realidade.

Heitor Godau – 10/12/2008

Nenhum comentário: