segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conto 15 - O Conto do Velho e o Portão

E o velho caminhou de novo pela mesma estrada vazia, chegou ao portão enferrujado e perguntou ao vigia se ele abriria hoje e o vigia respondeu, como sempre havi a respondido nos últimos vinte e três anos: "hoje não, só amanhã". Ao escutar novamente a mesma resposta só restou ao velho virar as costas e voltar pelo caminho que veio.
No dia seguinte o vigia avistou o velho vindo pelo mesma estrada, no mesmo passo vagaroso e o mesmo olhar cansado de sempre. O velho chegou ao portão e perguntou se ele abriria hoje, o vigia respondeu: “Hoje não, só amanhã”. O velho baixou o olhar, tentou dar uma espiada do outro lado do portão, tentou sugar no ar alguma esperança, virou as costas e foi embora novamente.
No dia seguinte o velho vinha pelo mesma estrada de terra, avistou o portão e como sempre o pé ia se fazendo de chumbo quando ele se aproximava do ferro enferrujado e do vigia. Quando chegou em frente ao vigia perguntou se o portão abriria hoje e o vigia respondeu: “Hoje não, só amanhã”. E o velho se foi mais uma vez.
Mais uma vez o velho estava chegando perto do portão enferrujado e do vigia, quando ele se sproximou o vigia deu um leve e quase imperceptível sorriso antes mesmo do velho perguntar e quando o velho perguntou se o portão iria abrir hoje o vigia respondeu: “Hoje sim, meu amigo. Hoje ele se abrirá”. O vigia pegou a única chave que estava em seu pescoço e a torceu dentro da grande fechadura de metal, esta gritou, gemeu e cedeu. O portão estava finalmente aberto. O velho olhou para o vigia, para o portão aberto, recuou e foi embora com o suor vazando medo e os olhos vazando decepção!
Heitor Godau – 06/04/2009

2 comentários:

Mariana F. Bordin disse...

Gostei!!
O que tinha do outro lado do portão??

Mariana F. Bordin disse...

É obvio que vc não diria... saco!
Esqueci que esse é o tipo de conto que a gente tem q usar a imaginação para o final... dããã