terça-feira, 19 de agosto de 2008

Entrava sempre às escondidas, era fácil graças a seu tamanho diminuto de criança de cinco anos. Se maravilhava com a tela iluminada, a música, os atores em preto-e-branco, as danças dos musicais, os sapateados na tela gigante do cinema! Antes de acabar o filme era sempre pega pelo lanterninha e posta pra fora. Mas no dia seguinte lá estava a menina de novo, para rever o mesmo filme quantas vezes pudesse. Nos dramas, lágrimas escorriam, nas comédias, ela ria baixinho com a mão na boca, na ação, ela sorria e se empolgava junto com o mocinho, nos filme de gangster, ela os xingava e praguejava em voz muda, apenas mexendo a pequenina boca e fazendo cara emburrada. Ah! Que mágico era aquilo pra ela, seu sonho era poder assistir um filme inteiro, entrando com glamour olhando pra cara do lanterninha e entregar-lhe o ingresso, sentar-se em uma cadeira vaga que esperaria por ela e assistir, sem preocupações de ser pega, toda mágia que havia naquela pequena sala do único cinema de seu bairro!

Heitor Godau – 13/08/2008

Um comentário:

Mi Godau disse...

Sinceramente, escreva um livro.
Eu compraria!

Aguardando restante da série "garotinha de cinco anos"...