quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Rindo-se no Natal?

25 de Dezembro de 2007, terça-feira, dia cinzento numa cidade poluída. Ando pelas ruas e vejo cabeças baixas, pessoas tristes carregando garrafas vazias, mas cheias de desgosto. A vida sendo vivida pelas avessas por pessoas que vestiram a roupa ao avesso. Mas uma ri, uma única pessoa ri. Até mesmo os bebês cheios de inocência sentem o drama natalino. Mas o que há com essa pessoa que ri? Por que ela tem que rir? Em pleno Natal?! Continuo só olhando, estou agora sentado no bar e olho para esta pessoa que sorri de pé na calçada. Engulo de uma vez meu copo com Gin pra ver se seu álcool me faz rir como a pessoa que olho. Que nada...como alguém poderia rir em pleno Natal? Nem mesmo com a garrafa inteira de Gin. Qual o mistério daquela pessoa? Não consigo nem mesmo destingir o rosto da pessoa. Não sei dizer se é homem ou mulher, se é criança, adulto ou velho, se é branco ou moreno, se é daqui ou é gringo...Cansei desta baboseira de risos justo no Natal. Ninguém ri no Natal, isso já deveria ser lei. Deixo uma nota justa para pagar minha infelicidade alcoólica e ando de encontro à pessoa risonha que quer se destoar do mundo para perguntar-lhe por que diabos está rindo se é Natal. Fico cara-a-cara, vejo que é homem e é jovem. Me lembra alguém, esse sorriso, esse ar de promessa de um futuro, essa aura de querer mudar o mundo...Como eu ñ percebi quem era? Como eu não me lembrei de você? Meu rapaz, justo você que me deu meus melhores momentos, justo você que me deu histórias pra contar, bebedeiras pelas madrugadas, zoação, mulheres. Como pude me esquecer justamente de você, minha juventude. De como eu me ria no Natal, como a vida tinha cor, como o futuro só dependia de mim, dos meus sonhos, da minha esperança, dos meus ideais infinitos. Muito obrigado juventude, muito obrigado por esse presente de Natal. Muito obrigado por me lembrar de que é justamente no Natal que se sorri e é nele que recarregamos as forças pra manter o sorriso pelos outros 364 dias do ano. Realmente muito obrigado por voltar pra mim nesse Natal, minha querida juventude sonhadora. Agora eu posso voltar a sorrir!

Heitor Godau – 25/12/2007

Um comentário:

Mariana F. Bordin disse...

Bonito!!! Se todos pensassem por esse viés, ao invés de apenas comprarem presentes e mais presentes.. talvez as pessoas sorrissem mais durante o ano!
Ps: amanhã vou conversar com o Wilson, mas já vou preparada para refazer a prova dele, vai saber...